quarta-feira, janeiro 10, 2007

O Peugeot 307 e sua traseira "dez-p'ras-cinco"


O Peugeot 307 sedã é o topo da linha mercosulina vendida no Brasil. Um bom médio, coerente em propostas. Visto frontalmente, exibe a genética Peugeot dos nossos dias. Frente inclinada, capô vincado, faróis longos como olhos felinos, e tomada de ar: a boca do lobo mau, grande e agressiva. Arrematam a elegância faróis auxiliares em suportes assumidos e próprios, e dois pequenos e elegantes batentes frontais, como protetores do pára-choque. Frente personalizada, o 307 chegou, está chegado.
Se você gostou da aparência, entre no habitáculo e a boa impressão continuará. Correto, bem decorado, acertado, peças niveladas, elegante na formulação do painel. Versão testada, topo de linha, revestida em couro, teto solar. Dirigindo-o, a constatação que hoje em dia as marcas francesas são as de melhor acerto entre características do motor e a transmissão. No caso, importados, motor de 4 cilindros, 16 válvulas, 143 cv e generosos 20 quilos de torque - o melhor da categoria. Tração dianteira e sistema hidráulico com 4 marchas e sistema Porsche Tiptronic pelo qual você abdica do automatismo na transmissão e paga dois adicionais para mudar as marchas. Uma panaquice inexplicável. Motorista bem tratado, com banco com regulagem de altura, e coluna de direção em altura e profundidade. Anda bem, confortavelmente e apresenta pacote de itens de segurança da melhor qualidade: ABS nos freios; duas bolsas de ar; assistência nas frenagens de emergência; chave com transponder; faróis e limpadores de acionamento automático; piloto automático; retrovisores externos rebatíveis; e muito mais. Acomoda bem motorista e acompanhante e mais duas pessoas atrás. Uma terceira ficará apertada no centro do banco. É correto no andar, no acelerar, no consumir. É estável, freia bem, retoma velocidades com brio. E o faz com silêncio proporcional à sua postura de mercado para automóvel que, equipado a este nível arranha os R$ 80 mil.

Porém...
Se porém fosse portanto, a vida seria melhor. Mas, não há bem que sempre dure, e nem mal que não se acabe. Assim, há imperfeições. Sanáveis. Uma delas é a transmissão de irregularidades do piso ao automóvel. Nada que lembre um VW Fox, mas não usual em carros desta categoria. E há uns barulhinhos internos de plásticos que mostram folgas quando a carroceria é conduzida em pisos ruins. Outra característica é o alerta constante de cuidados para que a saia dianteira, também em plástico, não fique de roça-roça com quebra-molas e que-tais. A soma destas imperfeições sugere que se houve desenvolvimento e adequação deste carro argentino ao mercado brasileiro, dispensou a ajuda da Peugeot Brasil. O primeiro ano do 206 nacional era uma fábrica de barulhos e a equipe brasileira da Peugeot fez primoroso trabalho, redimensionando encaixes de peças, acabando com folgas e ruídos. E bisaram a conquista na suspensão da versão Escapade, dando-lhe rodar ímpar em estradas ruins. No 307 falta sincronia entre o produto e mercado.

Por trás, não

Olhar o 307 sedã pela traseira para mim foi sessão nostalgia. Há muito tempo, quando me fizeram advogado, trabalhei para uma fábrica de automóveis. No vocabulário do meio, havia a "solução dez-p'ras-cinco". Aquela, de alguém que se lembrou, neste horário, do trabalho a ser entregue daí a dez minutos. Foi imediata associação. A frente do 307 passa por um exame de DNA. A traseira será barrada. Ficaria até boazinha num automóvel desta chusma despersonalizada que anda por aí, identificados só pelos emblemas. A personalidade marcante da frente do 307 não foi seguida pela traseira. É simplória, sem atrativo. A janelinha lateral traseira é envergonhada. Não compromete funções, mas é esteticamente descombinada, sem naturalidade, e parece ter sido tirada de algum carrinho chinfrim e ali soldada - às dez p'ras cinco. Urge uma segunda série para que estes detalhes não atrapalhem um bom produto.

O novo picape TL Sprint Fiat
Leitores da "Coluna" sabem que a indiana Tata e a Fiat brasileira juntaram-se num empreendimento reativador da parte automobilística da fábrica Fiat de Córdoba, Argentina: farão um picape de projeto Tata, o TL Sprint. Mais dados sobre o produto. Construção sobre chassis, tração nas 4 rodas, pouco menor que Ford Ranger, GM S10, Toyota HiLux. Terá duas formulações estéticas para diferenciar. Com marca Fiat, para América do Sul - e possivelmente México. Motor brasileiro Iveco, 3.0, diesel, 4 cilindros, turbo, inter e 157 cv. Como Tata, exportado para o mundo, motorização própria, trazida da Índia: motor diesel 2.2, 140 cv.Racionais, os indianos não quiseram motor tão forte. O único lugar do mundo com picape diesel fazendo 180 km/hora sobre as estradas sem qualidade é, inexplicável e injustificada e inseguramente, o Brasil. Vendas no último trimestre do ano. (R.Nasser / Foto: divulgação)

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