terça-feira, abril 17, 2007

Novo Senna é inglês


Lewis Hamilton, maior promessa dos últimos tempos, já entrou para a história da F1

Nem todo bom piloto consegue andar bem num carro de Fórmula 1, mas os excepcionais ao volante parece que já o guiam desde o nascimento. Foi o caso, por exemplo, de Ayrton Senna e é o dele, Lewis Hamilton, o garoto prodígio que o mundo acabou de conhecer por intermédio da F1. Filho de uma família originária da ilha de Granada, nas Antilhas, Lewis é inglês e nasceu em Hertfordshire, aos 7 de janeiro de 1985. Coincidência ou não, também é capricorniano, assim como Michael Schumacher, que veio ao mundo em 3 de janeiro de 1969. Talento precoce, o jovem piloto de 22 anos, teve uma carreira positivamente arrasadora, conquistando praticamente todos os títulos nas categorias que disputou.

O início
Integrado ao programa de jovens pilotos da McLaren desde cedo, aos 11 anos Lewis conheceu Ron Dennis (chefão da equipe McLaren) num jantar de gala, onde confidenciou que um dia gostaria de participar da F1 como piloto. Na ocasião, recebeu um largo sorriso que significou um sim no futuro. Pouco tempo depois, Ron Dennis, o mesmo que ajudou Senna a chegar ao tricampeonato, ficou impressionado com a performance de Lewis Hamilton que venceu 10 das 15 provas de kart no primeiro campeonato da categoria organizado pela McLaren.
A partir daí, o talento de Lewis começou, de fato, a brotar. Em 2003, foi campeão inglês de Fórmula Renault, campeão europeu de Fórmula 3 em 2005 e vencedor da Fórmula GP2 no ano passado, desbancando Nelsinho Piquet que hoje é piloto de testes da Renault F1. Sem sequer ingressar na categoria como coadjuvante (assim como o fez até o bicampeão Fernando Alonso), ou seja, como piloto de testes, sob a batuta do astuto Ron Dennis, Lewis ingressou de igual para igual com o espanhol na novamente bem estruturada equipe McLaren.

Números impressionantes
Indefectível, frio e talentosíssimo, Lewis Hamilton, se encerrasse hoje a sua carreira, já estaria gravado na história do automobilismo como um dos grandes da categoria. Nas três primeiras provas da temporada de 2007 ele largou entre os quatro primeiros e subiu ao pódio em todas elas. Na primeira curva do GP da Austrália, duelando com o seu próprio companheiro de equipe, Hamilton fez uma largada digna de aplausos. No GP da Malásia e no do Bahrein, repetiu a dose e conseguiu dois segundos lugares e um terceiro, sem contar que o seu brevíssimo currículo já conta com uma melhor volta, 1m36s701, na Malásia.
Com esse desempenho, Lewis tornou-se o 14º piloto em 58 anos de categoria a subir ao pódio em sua corrida inaugural (o último a conseguir foi Jacques Villeneuve, em 1996) e o 55º a pontuar na primeira prova. Foi a melhor marca de estréia de um piloto inglês, desde 1966, quando Mike Parkes terminou o GP da França em segundo lugar. Subindo ao pódio nas três primeiras corridas, ele bateu a performance de Peter Arundell, seu compatriota, que foi terceiro nas suas duas primeiras corridas, em Mônaco e na Holanda, em 1964. Agora, com 22 pontos, numa situação inédita, Lewis Hamilton está empatado em primeiro lugar no campeonato junto com Fernando Alonso e Kimi Raikkonen.

Detalhe incompreensível
Mais do que o seu maravilhoso talento nato para pilotar carros de corrida, até agora Lewis Hamilton tem sido destacado pela imprensa mundial especializada como sendo “o primeiro negro a pilotar um Fórmula 1”. Esse detalhe da cor da pele, que para as mentes medíocres faz tanta diferença, até já irritou o futuro campeão Lewis Hamilton, quando soube que tinha sido comparado a Tiger Woods, jogador de golfe, também negro. Disseram que ele era para a Fórmula 1 o que Woods é para o golfe. Pondo os pontos nos “is”, o piloto rebateu: “É uma honra ser comparado a Tiger Woods, mas eu sou o Lewis Hamilton. Espero ter o mesmo impacto na Fórmula 1 que ele tem no golfe, mas pelos resultados e não pela cor da pele."

Sensacional, incrivelmente rápido e cheio de personalidade (coisa mais do que necessária no circo da F1), arrisco dizer que Lewis Hamilton será o novo Senna da categoria, pois não se abala mesmo em grandes pressões e já vestiu um Fórmula 1 como uma segunda pele. É esperar para ver. (Fábio Amorim / Foto: divulgação McLaren)

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