DÓCEIS MONSTROS
Nos anos 60 e 70 os caminhões feitos pela FNM (Fábrica Nacional de Motores), os famosos “fênêmê”, eram o exemplo de um brutamontes desajeitado, mas que dava conta do trabalho. Carregando centenas de sacos de açúcar ou até containers até o Cais do Porto de Maceió, os velhos FNM soltavam muita fumaça, tinham direção sem assistência hidráulica e, muito comumente, jogavam óleo pelas juntas de seu motor. Sua cara chata com um enorme emblema na grade (que ostentava uma cobra pronta para dar o bote), de fato, assustava a garotada que os viam passar. “Lá vem um fênêmê!” Gritava algum da turma desviando os olhos das ximbras no chão.
Donos de uma força tremenda, esses caminhões foram pioneiros na construção do Brasil junto com os Scania. A concepção era simples: força bruta para puxar toneladas de carga. O câmbio, embreagem, freio e direção eram uma verdadeira sala de musculação para o seu condutor. Num salto de menos de 40 anos, me vi, agora sem as ximbras e os velhos amigos, de frente com um novo ´monstro´, dessa vez bem mais dócil. Motivo de capa de nossa edição de hoje, os moderníssimos caminhões Volkswagen Constellation da linha 370 são a antítese dos antigos padrões. Fáceis de dirigir, impressionam pelo conforto e tecnologia embarcados. Monitorados via satélite, os novos extrapesados da VW têm o seu ´raio X´ esmiuçado à milhares de quilômetros de distância. É a modernidade pura a serviço do novo mundo. Fizemos um rápido test-drive em dois modelos da marca alemã. Ao descer da cabine, impressionado com o alto nível desses agora dóceis monstros, percebi que a figura do caminhoneiro obeso, de braços gigantes, sem os dentes da frente e todo sujo de fumaça, hoje está em vias de extinção. Bom por um lado e ruim para a garotada moderna que não vai conhecer jamais a força e a imponência de um velho FNM caindo aos pedaços...
Boa leitura!
(Fábio Amorim/RAPI) Foto: divulgação
domingo, agosto 26, 2007
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