quinta-feira, agosto 30, 2007

Foi-se o criador do Alpine




Gênio sedutor. Talvez seja esta a melhor definição para Jean Rédélé, criador da marca e dos esportivos Alpine, responsável por apresentar ao cenário das corridas de automóvel uma Renault tornada estatal. Nascido em 1922, formado em Altos Estudos de Comércio, foi instigado pela Renault, emergindo das cinzas, a reabrir a revenda de sua família, em igual estado. Rédélé topou, aproveitando o lançamento do 4CV para prepará-lo, correr e vencer. Grande gestor, reuniu em torno de si gente que gostava do que fazia e os resultados obtidos surpreenderam o mundo esportivo. Daí, o insólito, uma carroceria em alumínio e, em seguida, um pequeno GT, encarroçado na Itália por Serafino Alemano. Corajoso, foi atrás de material mais leve, naquele tempo pouco conhecido e aplicado, a fibra de vidro. Atrevido, encomendou um desenho a outro italiano, Michelotti e, mais atrevido, modificou o desenho da proposta, melhorando-a. Nascia o Alpine A 108, quase um carro globalizado, fabricado no Brasil, Espanha, México e Bulgária. O Alpine 108 evoluiu para 110 e assinalou conquistas como temporadas mundiais de rallyes. Migrou para as fórmulas, para as corridas de resistência, como as 24 Horas de Le Mans, foi à Fórmula 1, representante da Renault e da França, com sua cor oficial o Bleu Français.
A Renault se entusiasmou, tornou-se sócia da Alpine e depois controladora. Rédélé se afastou e foi tocar sua revenda, expandida para três negócios. Seu passamento, após longa enfermidade cuidada por um batalhão de fiéis amigos, motivou pronunciamentos de Carlos Ghosn, presidente da Renault-Nissan, e do primeiro ministro francês, que o saudou como o grande cavaleiro da história épica do automobilismo francês. Líder, Rédélé deixou larga fila de amigos e ex-colaboradores, reunidos em movimentada associação. Distribui informações, promove eventos, e geriu movimento para que em Dieppe, sua cidade natal, a prefeitura criasse uma Rua Jean Rédélé. Na Renault, como a Coluna informou anteriormente, há uma tendência à volta da marca em um esportivo de média cilindrada.




Caminho para o futuro
Indústria automobilística é negócio tão grande quanto charmoso e arriscado. O universo de compradores está praticamente saturado; os veículos duram cada vez mais; as exigências de emissões e segurança aumentam os custos; a concorrência provoca compressão de margens de lucro. Equação de muitas variáveis, motiva enfraquecimento, prejuízos, fusões ou fechamentos.
A Renault é exemplo positivo no setor. Era empresa pública e foi privatizada; renovou produtos; reduziu custos por renegociação ou comunização de peças; deu lucro; valorizou suas ações; fez enorme reserva; e esticou os passos a mercados com sinais de positivo futuro, como o leste europeu e América do Sul. Fez mudança arriscada, adquirindo a Nissan em monumental prejuízo; saneou-a em prazo e exemplo recordes; e gera expansão e lucros. Bancou corajosamente passo inovador: a criação e construção de um carro projetado industrialmente para ser grande com preço pequeno, o Logan. Agora inicia novo caminho de posicionamento: ser reconhecida por qualidade; ver seu produto mais elevado, o Laguna, ser considerado ao nível de referência dos melhores europeus. Como um Mercedes. Semana próxima apresenta-lo-á em Frankfurt, junto com outros produtos, e o desdobramento das ações para aumentar participação de vendas e expansão de lucros. (Roberto Nasser/RAPI) Fotos: divulgação

Nenhum comentário: