quarta-feira, agosto 22, 2007

Roda-a-roda do NASSER (2 AGO 2007)


Para assustar – Carros chineses são vistos mundialmente como mal construídos e inseguros. A matriz Fiat, em joint-venture com a Nanjing Auto, cedeu tecnologia para construção da família Palio. Serão exportados para o Brasil. A Fiat não quer perder espaço e vendas. Sua capacidade de produção será inferior à demanda do mercado.
Negócio – Tenta soluções locais. Mais próxima, assumir a fábrica da Mercedes em Juiz de Fora (MG) onde foi feito o Classe A, hoje montando o Classe C SC para exportação.
Surpresa - O Grupo Volkswagen se surpreendeu com resultados no primeiro semestre: lucro líquido de E1,9B, maior 65,2% o de igual período em 2006, embora as vendas tenham crescido 7,8%. Outra surpresa: demitiu 20% da mão-de-obra – e a produção cresceu 8,4%. Lucro operacional, pré-impostos, E 2,8B, 44,5% maior que igual período anterior.
Surpresa 2 – Fechados os números mundiais da Ford até junho, a América Latina continua sendo sua jóia: fez lucro de US$ 255M, quase três vezes mais que janeiro-junho de 2006. Boa notícia global, mundialmente a companhia voltou a dar lucro: US$ 750M, contra prejuízo de US$ 317M no primeiro semestre do ano passado. A América Latina significa 5% dos investimentos da companhia e responde com 30% dos lucros!
Quer? – A Ford venderá a Land Rover, a Jaguar, e revisa o negócio Volvo. A venda da Aston Martin não foi computada no lucro.
Começou – Em férias, a fábrica VW em Taubaté (SP), faz adequações internas para a coexistência entre os modelos antigos do Gol e os primeiros NF, o novo Gol. NF indica Nach Folger, Nova Família, pela língua da VW do Brasil.
O que é - As férias findam aos 17 de agosto, e dia seguinte inicia construir contadas unidades da versão hatch, mais que protótipos, para acertos nas máquinas e testes nos veículos. O novo carro, ainda sem nome, difere-se do Gol por, finalmente, ter o motor transversal. Industrialmente, um Fox simplificado. Lançamento? 2008.
Recall – A General Motors chama donos de picapes S10 aos distribuidores da marca, para substituir o ABS dos freios. Em alguns casos o veículo continua freando, mesmo depois de aliviado o pedal, com riscos de perda de controle. Poucos carros: 343, com chassis entre 8C403783 a 8C407067, todos modelo 2008.
Oportunidade – Boa hora para o Denatran, Departamento Nacional de Trânsito baixar resoluções. Uma estabelecendo testes para avaliação de segurança de veículos – todos, de nacionais a chineses. Outra, condicionando a renovação do licenciamento de veículos ao atendimento destas chamadas para consertos em itens de segurança. Estatística da indústria automobilística indica, menos de 50% dos veículos afetados substituem os componentes perigosos. Ou seja, os não-apresentados mantém problemas e riscos.
Ecologia - Nos EUA a Toyota reduziu preço do Prius, híbrido com motores a gasolina e eletricidade. Agora, US$ 21 mil. Coincide com a diminuição dos incentivos fiscais pró-redução de emissões. Lá, a consciência ecológica já dispensa a ajuda do governo.
Antigos - Mais antiga no País, a paulista Magneto Restaurações Especiais muda de ramo: venderá carros. É perda. Era a única a enfrentar corajosamente salvar veículos de estirpe – Rolls, Isotta, Graff und Stiff. Mas, sinal claro de mais gente séria entrando num mercado nem sempre marcado por correção. Mudou o nome: Magneto Old Cars. Mantém a suntuosa sede na rodovia Raposo Tavares, KM 22. Mais? Fone: (11) 4777-1414
Gente – Carlos Ghosn, 53, engenheiro, brasileiro de Porto Velho (RO), presidente da Renault-Nissan, melhor remunerado executivo no mundo. Ganhou ano passado, entre salário e bonificações de resultados, diz a revista Fortune, US$ 45,5 milhões. OOOO Interessante, embora melhor fosse saber como o vitorioso Ghosn, com vida asceta, aplica seus rendimentos. OOOO Nelson Piquet, 53, empresário, tricampeão da Fórmula 1, reciclando conhecimentos de motorista no Detran/DF. Fez 20 pontos entre excessos de velocidade e estacionamento proibido. Competente. No país do jeitinho e na cidade do poder, aceitou a pena, sem usar influência para escapar – nem disse não saber do que se tratava...OOOO

De volta ao básico

O anúncio mundial do retorno da Ford aos lucros, é conseqüência de administração corajosa, enxuta, de muitos cortes de pessoal e despesas, focada em sua especialidade, os veículos da marca. O descritivo da ação é frase antiga, “Back to Basics”, ex- slogan publicitário da empresa, para lembrar seculares princípios de administração, tomando os veículos, tecnologia, resistência e confiabilidade como valores maiores. Observadores da cena relembram os ciclos da companhia, e as gestões ímpares enfrentando os maiores problemas com atos de coragem, e soluções simples e básicas. Tanto por Henry Ford, o criador do império; seu neto Ford II; e deste, agora o sobrinho neto Bill Ford, 5ª geração. Dado que intenta fazer ligação entre o modo de ser e os resultados obtidos, indica ponto comum: a simplicidade de trato, especialmente quanto aos funcionários. Ford I geria a empresa descomplicadamente: uma secretária e alguns assistentes, sem maiores distâncias, e intimidade com os trabalhadores. Ford II, apesar da educação refinada, de se vestir bem, como o avô, de ser poliglota e conhecer objetos de prazer, de automóveis velozes a gastronomia e enologia, ia habitualmente à produção. Conhecia pessoas, perguntava pela família, dava conselhos. Bill Ford, o atual, mantém o mesmo interesse ecológico de Ford I, e a prática do contato direto. Há anos freqüenta o café do andar térreo do prédio da companhia, abrindo mão dos serviços da diretoria. Acha que no convívio com gente que vive a empresa, está o melhor termômetro. Parece, dá certo.

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