sexta-feira, junho 08, 2007

ENTREVISTA - Cledorvino Belini | Fiat Automóveis do Brasil / Por: Fábio Amorim


QUEM É

Nome: Cledorvino Belini

Idade: 58 anos

Cargo: Presidente da Fiat Automóveis do Brasil e América Latina

Formação: Administração de empresas pelo Mackenzie, com MBA pelo Insead (França)

Hobby: Criar cavalos e restaurar carros antigos.

“É importante causar boas surpresas para o consumidor”

Apaixonado por carros e integrado ao setor automobilístico há décadas, Cledorvino Belini, atual presidente da Fiat Automóveis do Brasil e América Latina, é um dos executivos mais acessíveis da área. Sempre presente na maioria dos eventos da marca, Belini tem ótima relação com a imprensa. Na semana passada, acompanhado por uma comitiva de executivos da montadora italiana, ele fez uma visita às duas maiores revendas da Fiat em Alagoas, a Blumare e a Mavel, ambas tradicionais na terra.Focado sempre em escutar os anseios do consumidor, Belini e sua comitiva andaram pelo nordeste com o intuito de estreitar as relações com os seus representantes e também para analisar o mercado regional, sempre significativo no montante de vendas anuais da Fiat. Nesta entrevista, ele fala, também, da expansão da fábrica da Fiat na Argentina e nos benefícios dos carros bicombustíveis.

Gazeta Automóvel - Qual o objetivo desta visita que o senhor e sua comitiva fizeram às revendas Fiat de Alagoas?

Cledorvino Belini - O nordeste sempre tem uma participação muito importante no nosso volume de vendas e, especialmente aqui em Maceió, nós estamos muito felizes com a performance dos dois maiores concessionários locais, a Blumare e a Mavel. Então nós viemos justamente para prestigiar esse bom momento da indústria automobilística, que está crescendo. Parece que, finalmente nesse ano o mercado brasileiro vai conseguir atingir os 2.200.000 veículos, coisa que nós somente vimos em 1997, então, me parece que a indústria está decolando. Nós estamos vendo um horizonte muito bom. Acreditamos que a indústria automotiva do Brasil deve atingir a produção de 4.000.000 de unidades até o ano de 2010, contando aí com as exportações.


GA - Mas essa é uma visita apenas de rotina ou o senhor também aproveitou essa passagem para fazer uma análise do mercado local?

CB - Sem dúvida, nessas ocasiões também faço uma análise de mercado e procuro entender junto aos concessionários os seus pontos fortes, compreender o mercado local e, principalmente, saber dos anseios do público consumidor. A Fiat tem uma tradição de se antecipar àquilo que o mercado deseja e é justamente nesse contato com os consumidores, com os revendedores e com o meio local de cada região que a gente consegue detectar isso.


GA - A sua presença aqui em Alagoas significa a expansão dos negócios da marca na região nordeste?

CB - Não uma expansão específica do nordeste, pois nós estamos expandindo a Fiat num âmbito geral. Neste mês estamos contratando mais 1.700 funcionários para trabalhar na nossa fábrica, então, como disse, esse contato com os mercados regionais é muito importante, para avaliar e incentivar o aumento da produção. Temos os produtos, temos qualidade e temos capacidade de produção, de maneira que essa aliança com os nossos parceiros concessionários é muito importante para que eles possam crescer junto conosco.


GA - Notadamente, nos últimos meses, o Fiat Palio vem se aproximando muito do VW Gol em vendas. A Fiat tem um plano específico focado na performance desse produto ou as ações de crescimento da marca são sempre observadas por uma ótica global?

CB - Nós estamos vendendo bem, somos líderes absolutos com 25,5% de participação de mercado, ou seja, à cada 4 carros vendidos no Brasil, um ou mais de um é da marca Fiat, então não olhamos especificamente um modelo ou outro e sim levamos em consideração o volume global de nossas vendas. Isso é que é importante: ter o consumidor satisfeito e saber interpretar os seus gostos e anseios.


GA - A fábrica da Fiat em Córdoba, na Argentina, irá fabricar o Siena a partir de janeiro de 2008, e também a picape média em parceria com a Tata. Além desses dois produtos, há chance de algum outro carro da marca, hoje fabricado em Betim (MG), passe a ser feito lá e depois seja importado pelo Brasil?

CB - Veja bem. A Fiat é uma empresa que está investindo muito no Brasil, cerca de 1 bilhão de Reais por ano no desenvolvimento de produtos, processos, etc..., sempre gerando surpresas felizes para os nossos consumidores. Nesse momento, o nosso plano de expansão, uma vez que nós já completamos o terceiro turno aqui no Brasil é agora expandir a fábrica da Argentina. A partir de janeiro do próximo ano começaremos a produção do Siena e também estamos trabalhando num projeto de uma picape grande, junto com a Tata, que seria mais para 2009, podemos dizer assim. E esse plano de expansão é somente o que temos para o momento.

GA - Como o senhor analisa a performance dos carros bicombustíveis ou “flex”? Pergunto no sentido de que um carro “flex” não tem um desempenho tão bom quanto o de um carro movido somente à álcool e nem tem um consumo tão interessante quanto o de um carro movido somente a gasolina. Em meio à esta preocupação do aquecimento global e dos problemas ecológicos em geral, não seria uma declaração de amor maior ao Brasil e ao mundo lançar, como antigamente, um produto movido somente a álcool?Veja, eu acho o seguinte. O carro “flex” veio justamente para dar ao consumidor o poder de escolher qual o combustível que ele quer usar. Se o preço do álcool sobe, ele então tem o poder de escolher a gasolina e vice-versa, então, esse poder que foi dado ao consumidor é muito forte. A meu ver, a performance do carro ´flex´ é excelente, pois não deve nada aos antigos carros a álcool ou a gasolina, por que todos os sensores trabalham para equilibrar esse desempenho. Então, nós entendemos que os carros ´flex´ são uma boa idéia, porque todos os dias nós recebemos missões de várias partes do mundo que querem entender o sucesso do programa ´flex´ no Brasil. Mais ainda, toda vez que o consumidor utiliza álcool, ele contribui para minimizar o efeito estufa, por uma razão muito simples: as emissões que surgem de um veículo a álcool são compensadas a quase zero pelo seqüestro que a cana-de-açúcar faz do carbono jogado no ar, fechando o ciclo quase a zero e reduzindo o efeito estufa. (RAPI/FBA) Foto: José Ronaldo

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