sexta-feira, junho 08, 2007

Picape pequeno não é invenção brasileira


É sucesso aqui, mas, apesar de picape, não é carro de trabalho. A grosso modo, e, usualmente, esportivo com dois lugares e grande porta-malas. Explicações múltiplas, de cópia do modismo norte-americano, aos impostos menos elevados.

São quatro os produtos e duas vertentes básicas. Líder, o Fiat Strada toma furcas em várias versões, incluindo a imbatível cabine estendida, e opções de eixo traseiro para trabalho ou passeios. O VW Saveiro, desnecessariamente comprido por utilizar a superada disposição mecânica do motor longitudinal, foi recentemente revitalizado em equipamentos visando, exatamente, o público de lazer. GM Montana, de linhas futurísticas, é aplicado, em maioria, a deslocamentos pessoais.
O Ford Courier, único com viés de trabalho, mas apto ao uso social, não é automóvel cortado. Foi projetado para a finalidade: tem maior distância entre-eixos para melhor acomodar a carga; caçamba mais comprida; maior capacidade cúbica; transporta mais carga; suspensão traseira com eixo ômega, igual ao Fiat Strada. O nome busca referenciar a curva elevada no eixo traseiro – molas em feixes semi-elípticos, identificação de trabalho. Suas vendas crescem acima do segmento, e do mercado nacional. Pesquisou entre os usuários e suas exigências foram mais economia e dirigibilidade. A empresa aproveitou o projeto de aplicação do motor 1.6 Flex para realçar o direcionamento. Mudou as calibragens especificamente à aplicação de trabalho do Courier. Aumentou o torque e sua faixa de ocorrência. Quase 100 Nm, passando a produzir 145 Nm com gasolina e 153 Nm com álcool (ambos a 4.250 rpm), ocorrendo em 88% em baixa rotação. Na potência, pequeno ganho, um cavalo vapor: 96 cv (a 5.250 rpm), gasolina e 107 cv (a 5.500 rpm) a álcool. Para melhor aproveitar o ganho e a faixa de torque, reduziu a transmissão. Ou seja, acertou-o ao seu uso. Resultado, maior disposição nas saídas com carga, ultrapassagens, manutenção de velocidade, limitada a 160 km/h. Diz, ficou mais econômico. Preço mantido: R$29.960,00, menor do segmento.

Rally junta esporte e diversão
Rally é competição marcada pela busca do aproximar o tempo do percurso em estradas ruins, com as marcas estabelecidas pelos organizadores. Tem legião de fãs e é alavanca de vendas em todo o mundo, especialmente Europa. Exige especialíssima habilidade para dirigir. Perto de campeão mundial de rallyes, o de Fórmula 1 é aluno de auto-escola... Lá, vencer promove a marca, faz vendas. Aqui, nunca decolou. A Fiat é campeã com o Palio há quase uma década e não se sabe de induzir as vendas deste bom automóvel. Há tempos, a Mitsubishi mudou a escrita, ampliou o negócio, chamando às disputas os usuários de sua marca. Criou série de categorias, e faz festa nas provas promovidas nas principais praças de seu interesse. Atraiu outras marcas. A Peugeot utilizou experiência européia e sul americana, e montou equipe de rallye. Carros, preparação e gestão do competente Paulo Beccardi. Cara. E problemática. Investimento sem retorno, apoio dos concessionários, chegou a pensar dissolvê-la. Agora, deu golpe de direção e tornou o negócio interessantíssimo. Absorveu a Peugeot Sport sob o organograma de relacionamento corporativo, e mudou a regra. Mantém a temporada com as equipes profissionais. Mas envolveu os concessionários e clientes no que chamou de Rally de Regularidade. Provas em trechos seguros, mistos de asfalto e terra, aptas a serem percorridos por clientes, motoristas comuns em seus carros comuns. Uma festa, tratada como tal. Semana passada fez a segunda edição, em Goiânia (GO), aproveitando o conceito lançado pela concessionária Saint Martin, promotora de duas provas assemelhadas. Com agitação, envolvimento do Governo goiano, da Prefeitura de Goiânia, seus fornecedores de serviços, reuniu 64 duplas de proprietários de Peugeot – incluindo compradores de carros especialmente para competir. No curso oferecido pela Peugeot Sport, descobriram as capacidades de seus veículos e a diversão da disputa, com médias horárias seguras. Disputa amadora, cumpriu finalidade social. Como inscrição arrecadou 3 toneladas de alimentos a ser doados por intermédio da goiana Fundação Jaime Câmara. A diversão que promove a marca, motiva concessionários e instiga proprietários chama-se Copa Peugeot 2007 prosseguirá aos 6, 7 e 8 de julho, em Belo Horizonte (MG).

Lançamentos da semana
Junho será o mês de novidades em automóveis. Os Mercedes Classe C; VW ano/modelo 2008; Renault Logan; Ford Fiesta Trail; GM Celta e Montana 1.4; e Citroën C4 Pallas.
O Logan é o lançamento mais importante do ano. Pode estar iniciando um novo processo industrial e comercial no País, o do carro médio com preço de pequeno. A versão brasileira é sedã maior que Toyota Corolla, com preço menor que Clio Sedan.
Não é um carro pelado em aparência, decoração ou confortos. A economia industrial obtida não está na supressão de materiais ou na ausência de equipamentos. Mas no projeto e nos processos de construção: vidros iguais, planos, pouca eletrônica. Na Europa é uma surpresa, com demanda muito superior à projetada inicialmente. Aqui, será mostrado para ser o único carro da família, garantia de três anos, menores custos de reparação, ideal para o dono do popular. Surgirá em versões 1.0 - questionável pelo volume e peso e 1.6 16V.
O Fiesta Trail é edição revista e melhorada de tentativa cometida pela Ford há dois anos para permitir a ilação de uso fora-de-estrada – a nunca ocorrer, por veículo ou proprietário. Mudou a estrutura industrial do negócio. Antes o Kit Trail era aplicado pelo distribuidor Ford. Agora, terá montados de fábrica pára-choques projetados, adesivos, apliques, estribos. Será preto ou prata, com motores Zetec 1.0 ou 1.6, e custará uns R$ 5 mil sobre a versão sem estas pretensões. Quanto ao Citroën C4 Pallas, sedã 4 portas, ponto de vista da Citroën sobre o Peugeot 307 Sedan – é o mesmo carro – tem possibilidades de exibir floreios comerciais e de marketing. O Peugeot 307 Sedan tem baixas vendas continentais, e o Citroën C4 Pallas – o nome existe apenas no Brasil – tem o desafio de mostrar-se diferente, sem ser.
A GM implementou o motor 4 cilindros e 1.400 cm3 de cilindrada para aplicá-lo ao Celta e ao picape Montana. Aumentou a potência como apelo de vendas.

Senhores, organizem-se

A indústria automobilística nacional não está preparada para os tempos de bonança. O incremento de marcas, modelos e versões não se adapta ao gabarito temporal e inflexível do calendário. Assim, os eventos de lançamento se complicam e se atrapalham. Superpostos, disputam o espaço gratuito, estanque, em centímetros ou segundos, cedido pelos meios de comunicação para a cobertura das novidades. Moral da história, mal diluídos no período, agrupam-se, confundem-se, e perdem a oportunidade de divulgação mais ampla. (RAPI/Roberto Nasser) Foto: divulgação

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