quinta-feira, julho 12, 2007

Fiat 500, a alma de um país


A montadora italiana fez a maior apresentação já realizada para um automóvel. Ultrapassou o público de jornalistas e exibiu-o ao País. Numa das festas, às margens do rio Pó, em Turim, Itália, juntou 150 mil pessoas. Levou convidados do mundo inteiro, coroando a instigação pública feita 500 dias antes do lançamento, exibindo o conceito em sítio pela Internet para colher sugestões. Acatou 2.500! O envolvimento popular continuou pelas ruas: todas as lojas de Turim possuíam cartazes saudando a importância do lançamento para a Itália, e exibiam partes-ícones do automóvel: lanternas traseiras, placa, partes do painel de instrumentos. E artigos específicos: miniaturas e livros sobre o modelo inspirador, o 500, lançado há exatos 50 anos. O jornal La Stampa fez livro e miniatura, distribuindo-o com o jornal. Demanda desmesurada, forçou reedição. O comercial de apresentação, com partes do famoso filme Cine Paradiso, mostra a evolução política da Itália, com cenas e resultado de terrorismo das Brigadas Vermelhas. Exibe dificuldades, superação, e arremata com o Fiat 500. Uma das assinaturas da campanha é: “Pertence a todos nós”.
É muito mais que o carrinho de 3,52m, motores de 1.2 e 1.4 a gasolina, e 1.3 litro a diesel, único do porte a ser aprovado em testes de impacto da agência EuroNCap, com de itens de segurança de veículo maior: freios com ABS e gestor EBD, programa de estabilidade, sete almofadas de ar – até para os joelhos. O leque de acessórios permite 550 mil combinações! É o ícone escolhido pela Fiat para resgatar a italianidade, o orgulho nacional pela grande montadora, identificada com a história do País no último século. Quer exibir-se reorganizada, reduzindo sua dívida de 10 Bilhões de Euros para 1 Bilhão de Euros, ações aumentando em valor, níveis de avaliação econômica em ascensão, novos produtos, liderança no segmento. Espraiar a aura de auto-estima aos outros produtos, aumentar vendas, mostrando-se marca com sucesso mundial, fora das fronteiras italianas. Será feito na Polônia, em projetadas 120 mil unidades/ano. Seu preço, a partir de 10.500 Euros, pontua a colocação de mercado. É o menor da linha, mas não é o mais barato. O Fiat Panda, maior, custa 6.800 Euros. Como ícone, como o BMW Mini ou VW New Beetle, destina-se a público com refinamento de escolha, capaz de aproveitar toda a estrutura, acessórios e itens de segurança. É um carrinho urbano. A Itália é o País com os maiores problemas de circulação. Duas pessoas relativamente bem acomodadas, duas crianças. Porta malas com 185 litros, menor que o do Ford KA, tanque para 32 litros. Pequenos, adequados a uso em cidades.Venderá? Tudo indica. O represamento da demanda gerou 10.000 pedidos firmes na primeira hora da abertura de encomendas e formatação dos automóveis. As 8.500 unidades de série especial, completa em equipamentos, branca perolizada e com faixas laterais nas cores da Itália, foi consumida em 1 hora. Existirão versões mais baratas para a hora em que, satisfeita a demanda consumista-patriótica, haja necessidade de competir em preços. Aí, carro comum, sem tantos acessórios, terá preço menor. Para o Brasil, disse Sérgio Marchione, número 1 e salvador da Fiat, não há planos. Diretores da Fiat brasileira acham possível e adequado. (Roberto Nasser, de Turim, Itália) Foto: divulgação Fiat

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