quinta-feira, julho 19, 2007

SERVIÇO - Patrimônio ameaçado sobre duas rodas

No Brasil, menos de 1% da frota de motocicletas está coberta por algum tipo de seguro

A equação é simples de entender: em países onde a violência urbana cresce, o número de roubos e furtos, principalmente no setor de veículos automotores, aumenta à cada dia. Infelizmente aqui no Brasil, essa onda sobe numa projeção assustadora. Mesmo com o alto índice de veículos já equipados com bloqueadores via satélite, que mantém o controle do automóvel numa central a milhares de quilômetros, os crimes dessa natureza não param de acontecer. É lógico que a longo prazo, por influência de um possível melhoramento social, esse tipo de panorama poderia melhorar, mas..., em se tratando de Brasil, onde dois mais dois são três e meio, a melhor maneira que existe é a prevenção, ou seja, colocar o patrimônio móvel no seguro geral.
Dados da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e similares), indicam que hoje rodam no nosso País cerca de 8 milhões de motos emplacadas. De acordo com análises da Fenaseg (Federação Nacional das Seguradoras) e do Susep (Superintendência de Seguros Privados), menos de 1% dessa frota encontra-se coberta por algum seguro. Há três motivos principais para a existência desse quadro: o primeiro é que apenas 5 das 75 companhias de seguro que atuam aqui no Brasil trabalham com esse tipo de produto. Em segundo lugar, os critérios de análise do perfil de um condutor de motocicleta e de aceitação do mesmo, são rigidamente controlados pelas grandes companhias e, em terceiro, os preços das apólices geralmente são altos demais em relação ao valor da moto.

Opinião
De acordo com Djaildo Costa de Almeida, diretor da empresa Jaraguá Seguros, em Maceió (AL), o fato de uma motocicleta ser fácil de ser roubada e também ser frágil ao ponto de sofrer perda total numa colisão, são dois fatores que muitas vezes, encarecem esse tipo de proteção. “O pequeno porte de uma motocicleta de baixa cilindrada, por exemplo, é um facilitador de furto, além disso, o simples fato de o condutor esquecer de rebater o tripé, pode ocasionar uma queda que traga a perda total da motocicleta”, observa.

Restrição
Segundo o executivo da Jaraguá Seguros, apenas 5 das 75 companhias de seguro que atuam no País, trabalham com esse tipo de cobertura. “Aqui no Brasil apenas a Porto Seguro, o Bradesco, a Sul América, a Mapfre e a AGF admitem em suas carteiras os seguros de motocicletas, visto que a maioria absoluta dos motoqueiros utilizam as suas motos para o trabalho, o que aumenta o risco de sinistro. E tem mais, dessas cinco, duas delas somente fazem seguros de motos grandes, acima de 400 ou 500 cilindradas”, enfatiza Djaildo.

Perfil
Há quem diga que brasileiro sempre goste de tirar vantagem em tudo e, no setor de seguros não é diferente. Estatísticas apontam que, mesmo neste minúsculo universo de menos de 1% de motoqueiros cuidadosos com o seu patrimônio, boa parte deles omitem ou mentem sobre alguma informação pessoal na hora do fechamento da cobertura. “Há quem diga que usa a sua moto apenas no final de semana para o lazer, ou para ir e voltar do trabalho, mas, na hora da análise da ocorrência de um sinistro, por exemplo, descobre-se que o usuário é entregador de pizza ou de qualquer outro tipo de encomendas, aí está criado um problema, pois há contradição naquilo que foi afirmado e assinado no ato do contrato do seguro”, finaliza Almeida.

Na opinião de Henrique Celestino, proprietário da Norep, concessionária Suzuki, em Maceió (AL), o preço alto dos seguros das motos e a desinformação por parte da maioria dos proprietários desse tipo de veículo são os responsáveis pelo baixo número de segurados. “Muitos consumidores nem sabem que existem seguros para motocicletas e quando sabem, desistem porque acham caro”, enfatiza Celestino, destacando que a AGF Seguros está iniciando uma parceria exclusiva com a marca Suzuki no Brasil, para motos acima de 400 cilindradas. (FBA/RAPI) Fotos: FBA

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