quinta-feira, julho 12, 2007

Hora da cavalaria, Mustang Shelby


Proposta tentadora: conduzir os cavalos de força do Mustang Shelby. Agenda apertada, logística complicada nestes dias de apagão e desorganização aéreos, pois no Campo Provas Pirelli, pista deste fabricante de pneus, beiradas da Rodovia Anhanguera (SP). Voar a Viracopos, aeroporto tornado importante pela mesma desorganização. Adequando o adágio, Mustang Shelby arreado só passa uma vez. Fui.
É um Mustang arrumado. Lembra o empregado por Steve McQueen em Bullitt, famosos, filme, Mustang e ator (se gosta de pegas com automóveis, é um cult ). Desenvolvido pelo octogenário texano Carroll Shelby, traz suas digitais: motor forte, resistente, mecânica otimizada e pintura com duas faixas longitudinais, ícone nos anos 60. Shelby tem negócios com a Ford. Dela recebe poucos milhares de veículos anos, aplica fórmula e assinatura. Muda-lhes a personalidade, aperfeiçoando o conjunto mecânico, dá-lhes sobrenome. Cria ícone diferenciado em visual, performance e preço. É o bom e velho Mustang, tornado às linhas famosas por J Mays, o estilista da Ford. Mecânica tradicional, motor dianteiro e tração traseira. V8, 32 válvulas, desloca 5.400 cm3. Um compressor mecânico dá-lhe abusado torque de 48,9 mkgf a 4.500 rpm e eleva sua potência a referenciais 507 cv a 6.000 rpm. Tropa com estamina, leva os 1778 kg do automóvel a 100 km/h em sovinas 4,5 segundos. Supera outro ícone norte-americano à venda no Brasil, o Chrysler 300 SRT com 443 cv e aceleração aos 100/h em 5s.
É bem acertado. Shelby não inventa, aperfeiçoa. A cavalagem do motor é interpretada por transmissão de acionamento mecânico, de seis velocidades à frente. Atrai atenção a justeza do trambulador, com engates europeus, justos e precisos. Atrás, caretíssimo diferencial rígido, dotado de controle de tração para não patinar excessivamente. Rodas leves em aro 18” e pneus P 235/50. O palmo de contato com o solo busca compensar as limitações da rigidez da ponte traseira. Freios Brembo. À frente, discos de 14” e pinças com 4 pistões. Atrás, 13” e dois pistões, direção com assistência. Dentro é aditivado automóvel de andar na rua, sem banco de corrida ou cinto de segurança com 4 pontos de ancoragem. É normal e comum. Dirigido, tropa dócil. A maternidade eqüina funciona se demandada, sem trancos, sem necessidade de crescer de rotações e filtrar a potência pela embreagem em pedal de máscula pressão. Vai-se ao supermercado sem problemas, como também se acelera para acabar a conversa. É muito bem acertado à clientela desejada. Não é um carro de corridas – quem quiser um Ford assim, compre o GT – mas condução se necessário máscula, sem dificuldades operacionais, fácil de usar. Ícone, resgata série especial feita há 40 anos pelo mesmo Shelby para a locadora Hertz.Repetiu a dose, e ampliou a disponibilidade aos que buscam algo mais. Seria, diriam os puristas, um carro de nicho. Sim, mas em proporções norte-americanas. A versão fechada, somada à conversível, recém lançada, com motor sem o compressor, 319 cv e 45 quilos de torque, buscam 2.300 compradores neste ano. Não há preço no Brasil. Fosse importado pela Ford, custaria uns R$ 300 mil. Valeu o sacrifício, incluindo andar nos ônibus-com-asas da Gol. Julgue! P.S: O bom projeto do Mustang, mais o trato de Shelby, desaguaram no óbvio: releitura de Bullit, com o Mustang Shelby, tendo como substituto de Steve McQueen, o ´ai-meus-sais´ da atualidade, Brad Pitt. (Roberto Nasser) Foto: Divulgação Ford

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