quinta-feira, março 22, 2007

Alta costura em automóveis


Antigamente, muitas décadas passadas, os carrozzieri, nome italiano dado aos artistas e projetistas de carrocerias de automóveis, pouco passavam de desenhistas com alta dotação de arte. Exceções haviam. Sérgio Scaglietti e o também italiano residente no Brasil, Toni Bianco, moldavam as folhas de lata, criavam carros. Com elevado senso estético, Nuccio Bertone, gênio do bom gosto, nem um, nem outro, mas sabia pedir. A princípio projetavam e passavam os desenhos à montadora autora da encomenda. Depois, o negócio se desdobrou, os artistas viraram industriais, com pequenas fábricas dando forma concreta às linhas. Parecia tudo bem combinado. Pininfarina, Giugiaro, Zagato, Karmann, construíam os carros de pequenas séries. Os grandes, quantidades.

Agora, século depois, há novidade italiana pela Stola, prestadora de serviços na construção de veículos. No Brasil dá forma aos picapes e monta mecânica Fiat. Faz os líderes Strada, às margens da BR 262, no anel rodoviário de Belo Horizonte (MG). Na Itália, a pequena série do Alfa Romeo 8C Competizione, em base Maserati, através do qual a marca recoloca seu pé no mercado norte-americano.

Alta costura
Sua matriz apareceu com protótipo de refinado esportivo no recém encerrado Salão de Genebra. Mais importante que o produto em si, é ter mudado parâmetros, situando-se acima das grandes pequenas casas construtoras. Produto e método transformaram-na em espécie de boutique de alta costura para automóveis. Coisas personalizadas, pico da construção e da performance, séries restritas. O método transforma Ferrari, Maserati, Aston Martin e outros esportivos, em carros de costura prêt-a-porter, meia-confecção, como se dizia antigamente, quando ainda se falava português neste país, antes dos delivery, dos coiffeurs e que-tais.

Anônimo, porém fino
O automóvel personificador da Stola como degrau mais elevado na industrialização de veículos, atestador de sua maturidade, é elegante coupé, linhas afiladas, carroceria em aço vestindo mecânica Mercedes-Benz pela preparadora alemã Brabus, V 12, 6.300 cm3 de cilindrada, 750 cv de potência, 130 quilos de torque, capazes de 330 km/h. Rodas especiais Mitta. Em liga leve, cromadas, projetadas e construídas pela AEZ, usa nove raios curvados, oferecendo a impressão de movimento de acordo com a incidência de luz. Utiliza pneus Pirelli UHP na interessante medida 325x25x22. Na prática, 32,5 cm de área de contato com o solo, 8 cm de altura lateral. Roda de 22 polegadas, como referência, são maiores que as utilizadas em Fords 29, carroças e jericas de construção civil.
Dado de personalização, apenas 25 unidades serão construídas. E os proprietários poderão traçar o interior, equipamento eletrônico, identificação exterior, cores e, principalmente, escolher o nome para seu carro. Já pensou em algo tão exclusivo? A Stola não definiu preços. Para inscrever-se, www.stola.it.

Aguarde: C3, Meriva e 207 tropical
Pierre-Michel Fauconnier, diretor geral da Peugeot-Citroën do Brasil, anunciou plano corajoso: crescer a produção em 50% no ano de 2008. Quer fazer 150 mil. Contratou 500 funcionários, treina-os para um terceiro turno usina de Porto Real (RJ).

Produtos

O anúncio estabeleceu lançamentos e cronograma. Para chegar aos 10% do mercado nacional de automóveis e comerciais leves, a Peugeot-Citroën precisa rever a linha Peugeot 206 e Citroëns Picasso e C3. Assim, além de utilizar os argentinos Peugeot 307 hatch e sedã, e do Citroën C4 sedã, dito Pallas, a partir de junho, cuidará dos produtos feitos aqui. Começará atualizando os comerciais Peugeot Express e o Citroën Jumper, feitos na Iveco, sua sócia nesta empreita. Nos Citroën fará monovolume do porte do GM Meriva sobre a plataforma do C3. Está em desenvolvimento final, surgindo ao início de 2008. E não concorrerá com o Picasso, revisto e melhorado neste ano, de maior porte, nem substituirá o C3, sendo opção na linha. Nos Peugeot desistiu da linha 207 européia, maior, mais cara e fora do foco do mercado nacional. Fará, digamos, um 207 tropical. Ampla recomposição estética, grandes diferenças de estilo em relação à atual família, cara de produto novo e, não, de nova geração. Será diferente do 207 francês. Lançamento ainda neste ano. (Texto: Roberto Nasser) Foto: divulgação

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