sábado, março 10, 2007

Mulher e taxista com muita honra e orgulho


Adriana Souza diverte-se ao volante de seu Fiat Uno e diz que o alto astral é o seu combustível

Ela nasceu em Osasco (SP), mas também tem raízes por aqui. Após uma separação do ex-marido, fato que partiu o seu coração em mil pedaços, Adriana Souza, uma sorridente e otimista brasileira de 35 anos, decidiu mudar de vida. “Tinha que me afastar para poder tomar um novo rumo”, desabafa melancólica, a bem humorada motorista de táxi, uma de nossas homenageadas do Dia Internacional da Mulher. Conheça a sua história.

Mudanças
Após conhecer Arapiraca (AL), terra natal de seu pai, ela se impressionou ao ver a beleza da capital alagoana. Ex-empresária do ramo automotivo, Adriana Souza conta que manteve durante anos um centro de reparação para veículos em São Paulo. “Lá eu vendia pneus, rodas, amortecedores e fazia todos os tipos de serviços, como alinhamento e balanceamento, mas, pesquisei o campo por aqui e vi que não daria muito certo continuar no mesmo ramo”, comenta a jovem senhorita.

Certa mesmo foi a sua opção em iniciar uma carreira como motorista profissional, coisa que vem dando certo há mais de três anos. “Depois que conheci umas pessoas aqui em Maceió que já trabalhavam nesse setor, achei que seria uma boa começar a dirigir um táxi nessa cidade linda, daí, decidi investir umas economias e aqui estou!”, comenta com muito bom humor, Adriana.

Rotina
Dona de um sorriso cativante, Adriana revela que sua rotina começa muito cedo. “Acordo bem cedinho e procuro me arrumar bastante para encarar o dia. Às 7 da manhã já estou lá na frente da Drogaria Santa Clara, meu ponto principal no bairro do Vergel do Lago”, comenta. Com garra pra colocar muito marmanjo no escanteio, ela cumpre religiosamente uma rotina de 12 horas diárias de trabalho. A bordo do seu econômico Fiat Uno, Adriana percorre as ruas da cidade em busca do pão de cada dia. “Comigo não tem tempo ruim! Se o freguês está calado eu vou logo puxando papo pra animar o ambiente”, brinca.

Preconceito
“Mamãe: essa mulher não pode dirigir!” Foi assim que um garotinho de apenas quatro anos gritou quando percebeu que quem estava ao volante era ela, uma mulher! “Achei muita graça na reação dele e as pessoas que estavam dentro riram muito, mas, posso garantir que sou boa no que faço”, destaca, orgulhosa.

“Siga aquele carro!”

Entre cantadas de marmanjos, riscos de assaltos e muitas idas e vindas pelas ruas de Maceió, Adriana relata que a viagem mais marcante e perigosa que fez ocorreu quando uma passageira ciumenta pediu para ela seguir rumo à casa da amante do marido! “Suei frio naquela ocasião, mas cumpri o meu trabalho e fui até lá! Quando a mulher chegou ao local, armou o maior barraco, pois havia descoberto que o marido traidor tinha comprado uma casa no nome de uma amiga dela!”, derrete-se em gargalhadas, a paulista e já alagoana, Adriana Souza.

Otimismo acima de tudo
“Uma coisa que me irrita no trânsito são essas pessoas que andam devagar pela faixa da esquerda, mas o que me tira do sério mesmo são as carroças e as bicicletas”, diz, como sempre, sorrindo. Mesmo longe da família e, principalmente do filho Gustavo de 11 anos, Adriana é dessas mulheres de fibra que não dá o braço a torcer por causa de bobagens. Seu Fiat Uno, além de utilizado por ela em dois expedientes, é alugado para um motorista que cumpre o turno da noite. “Aqui em Maceió somente sou eu e Deus ao volante. Mas adoro andar por essa cidade linda! Não tenho medo de trabalhar e nem da inveja dos outros. Faço a minha estrada com suor e alegria, afinal de contas, é preciso se levar a vida numa boa!”, finaliza a notável taxista que tem como meta trocar brevemente o seu valente Uno por um Siena ou um Astra, da GM. Alguém ousa duvidar que ela vai conseguir? Texto e fotos: Fábio Amorim

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