quinta-feira, maio 24, 2007

Corolla 2008. Guardando o lugar


A Toyota fez festa arrumada e fará cuidada campanha de apresentação da adoção do motor flex para sua linha automobilística, o Corolla e a camioneta Fielder. A empresa padronizou seu uso, ao contrário da concorrente Honda. Tomou o motor básico de 4 cilindros, dianteiro, transversal, cilindrada de 1.800 cm3, 16 válvulas, o bom sistema V.V.T-i, ótimo auxiliar ajustador de válvulas mesclando rotação com torque e potência. Unificou a potência em 136 cv, tanto com gasolina quanto com álcool, e torque de 17,5 kgmf. Diz, obtém consumo com álcool apenas 20% superior ao assinalado pelo uso de gasolina. E, com o combustível alternativo, a melhor aceleração dentre os concorrentes, entre 80 e 120 km/h. Aumentou o tanque em um litro, passando-o para 56 l e, informa, autonomia de 400 km - ou seja, um consumo de pouco mais de 6 km/litro.

Receita

Esta pioneira nipônica foi a última das montadoras a apresentar motorização adequada a consumir qualquer percentual para duas misturas. Esperava-se um cintilante pacote de tecnologia. Não foi o anunciado. A empresa manteve a taxa de compressão em modestos 10:1, alterou coletor de admissão, válvulas, velas com gama térmica mais alta, aplicou demão protetiva ao tanque, utilizou filtro adicional para a água no combustível, e manteve o ícone da falta de recurso técnico, o depósito auxiliar para a gasolina destinada à partida a frio.
Em essência, receita próxima da praticada pelas retíficas autorizadas para transformar motores a gasolina para a queima de álcool nos albores dos anos 80.

Comércio

A empresa iniciou campanha promocional estrelada pelo ator Rodrigo Santoro, e vendas nesta semana. Ofereceu nova listagem de preços, incluindo versão intermediária para a camioneta Fielder. E manteve o motor 1.6 a gasolina em versão exclusivamente automática, destinada, basicamente a portadores de necessidades especiais.

Quanto custa?

Corolla XL-i manual (R$ 56.500,00), automático (R$ 61.000,00)
Corolla XE-i manual (R$ 62.200,00), automático (R$ 66.800,00)
Corolla SE-G automático (R$ 79.600,00)
Fielder XE-i manual (R$ 67.100,00), automático (R$ 71.700,00)
Fielder SG-E automático (R$ 83.700,00) (Preços com base em São Paulo com pintura básica)

Questão de Óptica
Do ponto de vista industrial e tecnológico, não havia justificativas para o festivo investimento realizado pela Toyota, muito para o pouco de exibir apenas a conversão de um motor ao uso de gasolina e álcool. Festa correta, cara, jornalistas de todo o país, desproporcional ao pouco a mostrar e dizer. Na entrevista, diretor e gerente de desenvolvimento vindos do Japão, muita perguntas, poucas respostas. Entretanto, deixando de olhar produto e seu motor, ampliando o espectro visual para o cenário, há outras indicações. A Toyota confirmou terá um novo Corolla ao início do próximo ano. Isto explica o evento festivo, criador da oportunidade de divulgação para manter viva a lembrança dos atuais Corolla e Fielder como concorrentes de mercado. Eles vêm perdendo vendas, acossados pelo novo Honda Civic, atual líder do segmento, e em especial, Renaults Mégane e Grand Tour.
Previu a Toyota vender 34 mil unidades neste exercício - quando o comportamento do mercado projetaria pelo menos 43 mil. Esta redução indica a realização de obras internas na adaptação da linha de montagem na fábrica de Indaiatuba (SP), para a produção do novo modelo, garroteando a capacidade industrial. Plota, igualmente, o surgimento do novo modelo, prevendo-se a novidade para o segundo trimestre, logo após o lançamento nos EUA. Será este o modelo a ser replicado no Brasil e, não a versão européia chamada Auris. A falta de brio tecnológico na versão Flex é apenas o passo inicial da entrada da Toyota nesta seara. O segundo será apresentado sob o capô do novo modelo. E terá desenvolvimentos, como a taxa de compressão mais adequada a pouca capacidade energética do álcool, 12:1 e potência de 150 cv, um charme adicional à novidade. E o desenvolvimento para o peculiar mercado brasileiro fornecerá tecnologia para os produtos da marca no restante do mundo com a constante e crescente a adição de combustíveis renováveis como ferramenta de redução de emissões poluentes. Fazer o flex agora foi apenas oportunidade comercial e industrial. (R.Nasser) Foto: divulgação Toyota

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