quinta-feira, maio 17, 2007

Tudo pronto para o Logan


Estoque estacionado, festa de comemoração com os funcionários, treinamento da rede, a Renault está no final das providências ao lançamento do Logan – pronuncia-se Lôgan. Mais que automóvel, um conceito: o do carro grande por preço de pequeno. Daí os cuidados excepcionais para abordar público diferente, o comprador do usado. Usa as características como vantagem. Ele é maior, mais largo, mais alto e tem maior distância entre-eixos que o Toyota Corolla. No entanto, se destina a concorrer com os pequenos sedãs, como Fiat Siena e GM Prisma.
Como produto tem espaço, porta-malas amplo, conforto de marcha superior aos carros pequenos. Surgirá a valor menor que o Renault Clio, ou seja, arranhando a marca de R$30 mil. Sobre a versão básica, a série de equipamentos demandados pelo consumidor brasileiro: 3 apoios traseiros de cabeça, rodas em liga leve, estofamento em veludo, computador de bordo, direção hidráulica, vidros e travas elétricas. Mecanicamente, opção de motores 16 válvulas, 1.0 e 1.6, 77 e 112 cv, ambos bicombustíveis, cinco marchas, suspensão frontal McPherson, traseira eixo torsional, freios a disco na dianteira, tambor na traseira, pneus 185, aros 14” ou 15”.

Bicho novo
Não é apenas um carro a mais no mercado. É um conceito. O carro para quem nunca pensou em ter carro zero quilômetro. Por isto, as ações da empresa miram para falar com o comprador do usado: garantia de 3 anos de pára-choques a pára-choques; menor custo de manutenção; facilidades em longo prazo para pagamento. A Renault quer mostrar qualidade, resistência, apoiar-se na láurea oferecida pela revista francesa L ´Automobile, para quem supera em qualidade Audi A3, Ford Focus, Toyota Corolla e VW Golf. É um fenômeno no mercado. Já vendeu 500 mil em 50 países.
No Brasil será o viabilizador da fábrica da Renault. Iniciada a produção, exportada à Argentina e México, a previsão é produzir um total de 102 mil unidades neste ano – em 2006 foram 68.000, atingindo 200 mil em 2009, com exportações de unidades e peças para a América Latina, México e Marrocos. Lançamento oficial dia 11 de junho, vendas em julho.

DaimlerChrysler acabou. Agora é Daimler AG e Chrysler Holding LLC

Foi atrapalhado, foi tumultuado, foi difícil entrosar conceitos, deu o maior prejuízo como fusão. Dez anos de abrasões, confusões, demissões, discussões judiciais. Mas a Daimler aprendeu: é muito caro, difícil, se não impossível, compatibilizar culturas e linguagens empresariais de continentes diferentes. Na junção da norte-americana Chrysler com a germânica Daimler, houve de tudo e em elevados números. Mas agora, acabou. A Daimler vai tirar o Chrysler de sua razão social. Vendeu-a. No terceiro trimestre será apenas Daimler AG.
Quanto à Chrysler, agora Chrysler Holding LLC, comprou-a o grupo de investimento Cerberus, poderoso norte-americano fazedor de negócios, com um capital de US$ 23 B. Surpreendeu, tomando o pirulito da mão da Magna, fornecedora da Chrysler, até então interessado em maior evidência. A Cerberus, para viabilizar e dar credibilidade ao negócio, juntou John Snow, ex-Secretário do Tesouro, e Wolfgang Bernhard, ex-candidato a número 1 da DaimlerChrysler, ex-primeiro executivo da marca Volkswagen. Fizeram o dever de casa: garantiram os direitos dos funcionários – uma sombra pesada para os antigos fabricantes norte-americanos; asseguraram a continuidade da marca. A Cerberus pagou US$ 7,4B por 80,1% das ações com direito a voto. A Daimler reteve o restante 19,9%. Bastante para ter interesse, insuficiente para ter diretor na mesa. Planos, continuidade de desenvolvimento. A parceria com os alemães aumentou a produtividade: de 48h para 30h produzir um veículo; ganho de qualidade em 40%; e a Chrysler tem a linha de produtos mais nova dos EUA. A Cerberus recebeu a empresa sem dívidas e impostos em dia, e abateu o previsível prejuízo deste exercício. A Daimler esqueceu as perdas e saiu com a certeza de ter fechado a torneira norte-americana de perdas.
Na prática, a Chrysler volta a ter gerência norte-americana, sem participação do time Daimler. A nova diretoria não tem executivos da antiga. Não há notícias imediatas para lugares distantes, como o Brasil, sobre como será o futuro para as marcas Chrysler, Dodge e Jeep, mas surgirão em breve. Internacionalização é fundamental para sobrevivência da indústria automobilística. Não parece crível que a Cerberus deseje tocar uma fábrica de automóveis norte-americanos nos Estados Unidos. Hoje, as três tradicionais marcas, GM, Ford e Chrysler, escrituram prejuízos frente às estrangeiras lá lucrativamente instaladas – Toyota, Honda, BMW, Nissan. O negócio da Cerberus é fazer negócios. Ter comprado direitos, ferramentas e negócio para fazer bons negócios na fabricação, distribuição, financiamento e seguros de veículos, pode indicar que se prepara para vender em partes. (Roberto Nasser) Foto: divulgação

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